segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Amazônia Brasileira: Belém tem menos de 15% de florestas originais

A porção continental de Belém, capital do Pará, tem menos de 15% de suas florestas originais conservadas, de acordo com estudo divulgado nesta sexta-feira (24) pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. Realizado pela pesquisadora Surama Hanna Muñoz e coordenado por Leandro Ferreira, o estudo avaliou níveis de desmatamento em áreas urbanas da região metropolitana de Belém.

A pesquisa concluiu que as cidades da região, onde vivem mais de 1,8 milhão de pessoas, não tiveram planejamento urbano adequado ao longo dos anos. As altas taxas de ocupação e uso do território refletem na falta de conservação de florestas, que são retiradas para dar espaço a novas construções.


Os resultados mostram níveis de desmatamento distintos nos municípios. Com 67,2% de florestas derrubadas, Benevides é a cidade mais atingida na região. O desmatamento em Belém atingiu 51% da mata original, segundo a pesquisa, mas a taxa é mais alta ao levar em consideração a porção da capital no continente.

As ilhas que fazem parte de Belém tiveram 32,6% da mata original devastada, mas a parcela continental da cidade teve 87,5%, de acordo com o estudo. Isso faz com que a taxa de florestas originais na região seja inferior a 15%.

A perda de florestas na área urbana de Belém pode ameaçar a conservação da biodiversidade no local, de acordo com os pesquisadores. Por isso, o Museu Goeldi recomendou que algumas áreas de mata isoladas na cidade sejam transformadas em novas unidades de conservação. A pesquisa identificou 154 fragmentos florestais urbanos na região metropolitana de Belém, com áreas de até 393 hectares.


As regiões central e sudeste de Belém têm os piores índices de fragmentos florestais urbanos, de acordo com o estudo, considerando tamanho, isolamento e o efeito de borda, que leva em conta a distância de um local conservado até outro. O sudoeste da cidade apresenta melhores condições para a soltura de animais silvestres, principalmente na região próxima ao Rio Guamá. De modo geral, a pesquisa concluiu que a área metropolitana de Belém tem poucos fragmentos florestais, sendo que os atuais são pequenos e isolados.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Amazônia Brasileira: Em torre na floresta, cientistas estudam partículas

Cientistas conseguiram estudar pela primeira vez aerossois formados pela floresta em seu estado natural, usando equipamento específico numa torre de 40 metros de altura em meio à selva amazônica. Os aerossois são partículas que influenciam a formação de nuvens, e portanto, definem o regime de chuvas.

Artigo publicado na última edição da revista Science explica que os pesquisadores escolheram a floresta ao norte de Manaus para fazer suas medições porque ali, na época chuvosa, há as condições atmosféricas mais próximas daquelas encontradas na época pré-industrial, quando o ar ainda não estava contaminado pela ação humana.
Torre instalada na floresta amazônica.



O estudo pode ajudar a entender as diferenças químicas entre ambientes poluídos e limpos, e como a formação de nuvens é afetada por elas. O regime de formação de nuvens na Amazônia tem influência global no clima.

“É um tipo de partícula líquida orgânica”, explica Ulrich Pöschl, do Instituto Max Planck, na Alemanha, em nota sobre a pesquisa. “É a primeira vez que alguém conseguiu registrar uma dessas partículas em isolamento, pois no Hemisfério Norte e outras regiões antropogênicas (com influência da presença humana), quando você coleta uma partícula é uma confusão e cheia de fuligem, nitratos e outros poluentes”.